Esportes 4ª Parte: Voleibol: Fundamentos
Fundamentos
Um time que deseja competir em nível internacional precisa
dominar um conjunto de seis habilidades básicas, denominadas
usualmente sob a rubrica "fundamentos". Elas são: saque, passe,
levantamento, ataque, bloqueio e defesa. A cada um destes fundamentos
compreende um certo número de habilidades e técnicas que
foram introduzidas ao longo da história do voleibol e são
hoje consideradas prática comum no esporte.
Saque ou serviço
O saque ou serviço marca
o início de uma disputa de pontos no voleibol. Um jogador
posta-se atrás da linha de fundo de sua quadra, estende o
braço e acerta a bola, de forma a fazê-la atravessar o
espaço aéreo acima da rede delimitado pelas antenas e
aterrissar na quadra adversária. Seu principal objetivo consiste
em dificultar a recepção de seu oponente controlando
a aceleração e a trajetória da bola.
Existe a denominada área de saque, que é constituída por duas pequenas linhas nas laterais da quadra, o jogador não pode sacar de fora desse limite.
Um saque que a bola aterrissa diretamente sobre a quadra do
adversário sem ser tocada pelo adversário - é
denominado em voleibol "ace", assim como em outros esportes tais como otênis.
No voleibol contemporâneo, foram desenvolvidos muitos tipos diferentes de saques:
- Saque por baixo ou por cima: indica a forma como o saque é realizado, ou seja, se o jogador acerta a bola por baixo, no nível da cintura, ou primeiro lança-a no ar para depois acertá-la acima do nível do ombro. A recepção do saque por baixo é usualmente considerada muito fácil, e por esta razão esta técnica não é mais utilizada em competições de alto nível.
- Jornada nas estrelas: um tipo específico de saque por baixo, em que a bola é acertada de forma a atingir grandes alturas (em torno 25 metros). O aumento no raio da parábola descrito pela trajetória faz com que a bola desça quase em linha reta, e em velocidades da ordem de 70 km/h. Popularizado na década de 1980 pela equipe brasileira, especialmente pelo ex-jogador Bernard Rajzman, ele hoje é considerado ultrapassado, e já não é mais empregado em competições internacionais.
- Saque com efeito: denominado em inglês "spin serve", trata-se de um saque em que a bola ganha velocidade ao longo da trajetória, ao invés de perdê-la, graças a um efeito produzido dobrando-se o pulso no momento do contato.
- Saque flutuante ou saque sem peso: saque em que a bola é tocada apenas de leve no momento de contato, o que faz com que ela perca velocidade repentinamente e sua trajetória se torne imprevisível.
- Viagem ao fundo do mar: saque em que o jogador lança a bola, faz a aproximação em passadas como no momento do ataque, e acerta-a com força em direção à quadra adversária. Supõe-se que este saque já existisse desde a década de 1960, e tenha chegado ao Brasil pelas mãos do jogador Feitosa. De todo modo, ele só se tornou popular a partir da segunda metade dos anos 1980.
- Saque oriental: o jogador posta-se na linha de fundo de perfil para a quadra, lança a bola no ar e acerta-a com um movimento circular do braço oposto. O nome deste saque provém do fato de que seu uso contemporâneo restringe-se a algumas equipes de voleibol feminino da Ásia.
Passe
Também chamado recepção,
o passe é o primeiro contato com a bola por parte do time que
não está sacando e consiste, em última
análise, em tentativa de evitar que a bola toque a sua quadra, o
que permitiria que o adversário marcasse um ponto. Além
disso, o principal objetivo deste fundamento é controlar a bola
de forma a fazê-la chegar rapidamente e em boas
condições nas mãos do levantador, para que este
seja capaz de preparar uma jogada ofensiva.
O fundamento passe envolve basicamente duas técnicas
específicas: a "manchete", em que o jogador empurra a bola com a
parte interna dos braços esticados, usualmente com as pernas
flexionadas e abaixo da linha da cintura; e o "toque", em que a bola
é manipulada com as pontas dos dedos acima da cabeça.
Quando, por uma falha de passe, a bola não permanece na quadra
do jogador que está na recepção, mas atravessa por
cima da rede em direção à quadra da equipe
adversária, diz-se que esta pessoa recebeu uma "bola de
graça".
Manchete
É uma técnica de recepção realizada com as
mãos unidas e os braços um pouco separados e estendidos,
o movimento da manchete tem início nas pernas e é
realizado de baixo para cima numa posição mais ou menos
cômoda, é importante que a perna seja flexionada na hora
do movimento, garantindo maior precisão e comodidade no
movimento. Ela é usada em bolas que vem em baixa altura, e que
não tem chance de ser devolvida com o toque.
É considerada um dos fundamentos da defesa, sendo o tipo de
defesa do saque e de cortadas mais usado no jogo de voleibol. É
uma das técnicas essenciais para o líbero mas
também é empregada por alguns levantadores para uma
melhor colocação da bola para o atacante.
Levantamento
O levantamento é normalmente o segundo contato de um time com a
bola. Seu principal objetivo consiste em posicioná-la de forma a
permitir uma ação ofensiva por parte da equipe, ou seja,
um ataque.
A exemplo do passe, pode-se distinguir o levantamento pela forma como o
jogador executa o movimento, ou seja, como "levantamento de toque" e
"levantamento de manchete". Como o primeiro usualmente permite um
controle maior, o segundo só é utilizado quando o passe
está tão baixo que não permite manipular a bola
com as pontas dos dedos, ou no voleibol de praia, em que as regras são mais restritas no que diz respeito à infração de "carregar".
Também costuma-se utilizar o termo "levantamento de costas", em
referência à situação em que a bola é
lançada na direção oposta àquela para a
qual o levantador está olhando.
Quando o jogador não levanta a bola para ser atacada por um de
seus companheiros de equipe, mas decide lançá-la
diretamente em direção à quadra adversária
numa tentativa de conquistar o ponto rapidamente, diz-se que esta
é uma "bola de segunda".
Ataque
O ataque é, em geral, o terceiro contato de um time com a bola.
O objetivo deste fundamento é fazer a bola aterrissar na quadra
adversária, conquistando deste modo o ponto em disputa. Para
realizar o ataque, o jogador dá uma série de passos
contados ("passada"), salta e então projeta seu corpo para a
frente, transferindo deste modo seu peso para a bola no momento do
contato.
O voleibol contemporâneo envolve diversas técnicas individuais de ataque:
- Ataque do fundo: ataque realizado por um jogador que não se encontra na rede, ou seja, por um jogador que não ocupa as posições 2-4. O atacante não pode pisar na linha de três metros ou na parte frontal da quadra antes de tocar a bola, embora seja permitido que ele aterrisse nesta área após o ataque.
- Diagonal ou Paralela: indica a direção da trajetória da bola no ataque, em relação às linhas laterais da quadra. Uma diagonal de ângulo bastante pronunciado, com a bola aterrissando na zona frontal da quadra adversária, é denominada "diagonal curta".
- Cortada ou Remate: refere-se a um ataque em que a bola é acertada com força, com o objetivo de fazê-la aterrissar o mais rápido possível na quadra adversária. Uma cortada pode atingir velocidades de aproximadamente 200 km/h.
- Largada: refere-se a um ataque em que jogador não acerta a bola com força, mas antes toca-a levemente, procurando direcioná-la para uma região da quadra adversária que não esteja bem coberta pela defesa.
- Explorar o bloqueio: refere-se a um ataque em que o jogador não pretende fazer a bola tocar a quadra adversária, mas antes atingir com ela o bloqueio oponente de modo a que ela, posteriormente, aterisse em uma área fora de jogo.
- Ataque sem força: o jogador acerta a bola mas reduz a força e conseqüentemente sua aceleração, numa tentativa de confundir a defesa adversária.
- Bola de xeque: refere-se à cortada realizada por um dos jogadores que está na rede quando a equipe recebe uma "bola de graça" (ver passe, acima).
Bloqueio
O bloqueio refere-se às ações executadas pelos
jogadores que ocupam a parte frontal da quadra (posições
2-3-4) e que têm por objetivo impedir ou dificultar o ataque da
equipe adversária. Elas consistem, em geral, em estender os
braços acima do nível da rede com o propósito de
interceptar a trajetória ou diminuir a velocidade de uma bola
que foi cortada pelo oponente.
Denomina-se "bloqueio ofensivo" à situação em que
os jogadores têm por objetivo interceptar completamente o ataque,
fazendo a bola permanecer na quadra adversária. Para isto,
é necessário saltar, estender os braços para
dentro do espaço aéreo acima da quadra adversária
e manter as mãos viradas em torno de 45-60° em
direção ao punho. Um bloqueio ofensivo especialmente bem
executado, em que bola é direcionada diretamente para baixo em
uma trajetória praticamente ortogonal em relação
ao solo, é denominado "toco".
Um bloqueio é chamado, entretanto, "defensivo" se tem por
objetivo apenas tocar a bola e deste modo diminuir a sua velocidade, de
modo a que ela possa ser melhor defendida pelos jogadores que se situam
no fundo da quadra. Para a execução do bloqueio
defensivo, o jogador reduz o ângulo de penetração
dos braços na quadra adversária, e procura manter as
palmas das mãos voltadas em direção à sua
própria quadra.
O bloqueio também é classificado, de acordo com o
número de jogadores envolvidos, em "simples", "duplo" e "triplo".
Defesa
A defesa consiste em um conjunto de técnicas que têm por
objetivo evitar que a bola toque a quadra após o ataque
adversário. Além da manchete e do toque, já
discutidos nas seções relacionadas ao passe e ao
levantamento, algumas das ações específicas que se
aplicam a este fundamento são:
- Peixinho: o jogador atira-se no ar, como se estivesse mergulhando, para interceptar uma bola, e termina o movimento sob o próprio abdômen.
- Rolamento: o jogador rola lateralmente sobre o próprio corpo após ter feito contato com a bola. Esta técnica é utilizada, especialmente, para minimizar a possibilidade de contusões após a queda que é resultado da força com que uma bola fora cortada pelo adversário.
- Martelo: o jogador acerta a bola com as duas mãos fechadas sobre si mesmas, como numa oração. Esta técnica é empregada, especialmente, para interceptar a trajetória de bolas que se encontram a uma altura que não permite o emprego da manchete, mas para as quais o uso do toque não é adequado, pois a velocidade é grande demais para a correta manipulação com as pontas dos dedos.
- Posição de expectativa: Estratégia ou tática adotada antes do saque adversário de posicionamento da defesa, podendo ser no centro ou antecipado em uma das metadas da quadra.
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